Estou fazendo um “detox” por orientação da nutricionista, ela acha melhor comer alimentos que contribuam para a saúde física e emocional. Deve fazer bem mesmo, os ingredientes são de produtores locais, alimentos orgânicos e feitos com muito amor por uma Chef que cozinha para alegrar a vida daqueles que precisam desintoxicar, a alma, o fígado que armazena mágoas, ansiedades, estresse, fora os agrotóxicos e medicamentos.
A comida vem em simpáticos potinhos de vidro com etiquetas que logo anunciam: sou retornável. Tudo embalado em papel e amarrado com cordinhas que gentilmente envolvem uma pequena flor, arrematando o ‘presente’ de alimentar-se bem. De fato, um ritual que nos convida a prestarmos atenção aos detalhes, às sutilezas, as cores, aos sabores. Degustar a vida devagar, sentir o sabor de cada ingrediente, lembrar-se do impacto que esse viver consciente traz sobre a saúde, sobre a vida, a comunidade, para o planeta.
Na hora de lavar os potes, comecei a árdua tarefa de retirar as etiquetas com sua cola eficaz que cumpre bem seu irritante papel, a de ser grudenta, difícil de tirar, testando a paciência daquele que tem pressa. Pressa de viver, pressa de resolver logo as coisas, pressa de ser prático, pressa que chegue logo o amanhã e não presta atenção no hoje, no agora. Essa cola grudenta e difícil de ser retirada, em muito se assemelha aos hábitos e pensamentos arraigados, quase sempre desnecessários, mas fortemente grudados em nossa existência. Ao desintoxicarmos a nossa alma, vamos nos deparar com esse grude existencial, que insiste em ficar aonde sempre esteve. Dá trabalho selecionar pensamentos e emoções, escolher aqueles que são orgânicos, naturais e vitais dos intoxicantes, densos e cheios de veneno, que aos poucos vão se acumulando em cada pedacinho do Ser.
Retirar a cola dos rótulos que a vida vai depositando em nossa alma requer persistência, um produto daqueles que derrete a cola, desgruda tudo, livra a alma das culpas, conduz para uma existência mais livre, uma consciência mais apurada, um estar presente que ajuda a escolher e aceitar o peso das dúvidas que as escolhas naturalmente trazem. Tirar os rótulos ajuda a descobrir com clareza o que há no interior do recipiente e apreciar o essencial que cada um possui.
Desintoxicar a vida, as relações, a forma como se trabalha, se pensa e sente, exige um ritual de se envolver em autocuidado, ser generoso consigo mesmo, usar o tempo em seu favor, escolher o que porá para dentro, quem ou o que fica ou não, retirar os rótulos, olhar com sinceridade o conteúdo, rever a forma.
Preciso falar para a nutricionista que esse detox ajudou a eliminar mais coisas do que imaginávamos, mas como os vidros são retornáveis, amanhã virão os próximos com seus novos rótulos grudentos e a tarefa é diária de desintoxicar, descolar, liberar, deixar ir o que precisa ir.
Essa crônica é parte integrante do livro "Vou ali e já volto - 40 anos no deserto", de Adriana Ferrareto.
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Com afeto,
Adri Ferrareto
Strengths Coach certificada pelo Gallup® Institute
Executive Coach Certificada pelo Integrated Coaching Institute (ICI)
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