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Domingo chegando ao fim, começa a bater aquela angustia, uma vontade de sumir, mudar tudo, trocar de trabalho, quem sabe empreender.
Provoca uma sensação de ansiedade sobre o futuro, receio de que o dinheiro não seja suficiente, a idade progredindo, é o tique-taque do relógio da vida soando como se estivesse batendo em cada lado da cabeça com duas grandes tampas de alumínio, pressionando nossa mente.
Confusão, com falta de ar que eu chamo de fôlego curto, pois a respiração não passa do pescoço para o peito, a pessoa tenta dormir e não pensar que no dia seguinte, que mais se parece um buraco negro, que suga nossa energia.
É a vida dando um chega pra lá nos nossos desejos e chamando para a realidade.
Silêncio profundo, escorre algumas lágrimas, nó na garganta, gosto amargo na boca. Melhor dormir.
Você já se sentiu assim?
Eu já, e vou confessar que um número de vezes tão grande que não consigo mais enumerar.
De alguma forma, essa também pode ser a sua realidade.
A verdade é que não há um curso para ensinar a ser adulto, que vai além de apenas pagar boletos.
Da mesma forma, não aprendemos desde cedo a cuidar da nossa saúde e alimentação, a aplicar nossos talentos inatos na vida, ou a escolher uma profissão na juventude que corresponda às nossas paixões e talentos.
O peso de ter de escolher uma faculdade para cursar (como se fosse algo definitivo) é pesado demais.
Não aprendemos a lidar com o dinheiro desde cedo.
Também não falamos sobre cuidar dos pais idosos, em todos os aspectos necessários que caiba o cuidar.
Não aprendemos a cuidar da gente mesmo e ainda assim, nesse caminho errante, tentamos abarcar tudo, cuidar de todos, de um jeito meio atrapalhado, do jeito que dá.
Note aqui uma coisa importante, todas essas pontas soltas, levam para um mesmo caminho: não tiveram conosco, conversas a respeito desses assuntos.
Mas não é qualquer conversa. É o tipo de conversa que reverbera no nosso intímo, que acolhe, escuta, não julga, orienta. Conversa que nutre.
É aquele tipo de conversa que vem juntinha com uma história muito legal, com emoção, dá vontade de rir e chorar, toca profundamente.
Conversa que marca, fica o registro, a gente lembra pra sempre.
Não sabemos conversar! Carregamos todos os assuntos do mundo em nossas mentes e não conseguimos falar a respeito. Pode ser porque não tem quem nos ouça de verdade ou temos receio de virar do avesso nossas emoções, e do lado do avesso, somos vulneravelmente todos iguais.
Falo mais sobre essa dificuldade aqui nesse vídeo sobre o Livro O Cavaleiro Preso na Armadura.
Na segunda-feira, cada um pega seu fardo e vai para o trabalho, seja ele presencial ou não.
A realidade inegável é que precisamos colocar arroz e feijão na lata, a vida precisa continuar.
Todos neste ambiente de trabalho, com seus próprios CPFs e problemas, interagem com outros em situações similares.
Esse emaranho de CPF´s, cria um CNPJ, cheio de visão, valores e missão, confuso como um gigante quebra-cabeça a ser montado.
Convivemos com chefes que assim como nós, engrossaram a pele para sobreviver, alguns emocionalmente distantes, outros escondidos atrás dos números e da chamada racionalidade. Que grande bobagem essa de acreditar que somos mais racionais do que emocionais.
conversas durante um treinamento
Mas será que estamos fadados a trabalhar a vida toda assim desanimados, nos arrastando ou seria possível sentir um quentinho no coração, com vontade de participar de algo maior?
Poderia ser o trabalho um lugar de alguma satisfação, para além apenas de “onde se tira o sutento”?
Acredito que sim. E tudo começa com o líder.
A empresa em que trabalhamos pode até ser boa, mas se o gerente imediato não souber exercer bem seu papel, quase 70% das pessoas que trabalham com ele, irão apenas fazer o que deve ser feito (isso no melhor dos casos), nem uma vírgula a mais, contando os minutos no relógio para ir embora.
Sem dizer daqueles que nem conseguirão sair da cama para ir para o trabalho, ou adoecem com frequência.
SIm, e o impacto é tão grande que de cada 10 funcionários, 7 estarão nessas condições tão esmagadoras.
Isso é um alerta para todos nós. Para o líder representa a necessidade de aprender a gerir as pessoas de maneira mais humanística e vamos falar mais a respeito disso na sequência.
Para os funcionários, representa um peso enorme trabalhar com chefes assim.
E para a empresa, que está trabalhando a míseros 30% do seu potencial apenas, visto que 70% dos seus funcionários, podem estar apenas trabalhando no modo “sobrevivência”.
Lembra que mencionei sobre não termos conversas significativas? Essa é uma virada de chave.
Precisamos simplificar e humanizar mais nossas conversas. Esse papo de dar feedback é muito frio, chato e penoso. O que todos nós queremos, incluindo os chefes que também tem chefes acima deles, são boas e significativas conversas.
Queremos vínculos, alguém em quem podemos confiar, conversas honestas de todos os envolvidos. Parar de “vestir as palavras com terninho e gravata”, como diz minha professora de escrita afetuosa, Ana Holanda.
Ninguém aguenta mais esse papo frio, de excessiva cobrança, foco nos pontos fracos e ninguém valorizando o que temos de ponto forte, com palavras em inglês que só causam distanciamento. Queremos conversas de verdade.
Vamos substituir os feedbacks por conversas, de maneira clara e direta.
Pense comigo: você não conversa apenas 1 vez por ano com alguém no trabalho, certo? Por que então, faria apenas uma sessão anual de feedback?
Onde está a lógica disso?
Chefe em que se pode confiar, tem conversas de verdade, sempre que possível, são respeitosas, generosas, levam o outro em conta.
Existem muitas coisas sobre as quais conversar com interesse genuíno que são a base para qualquer pessoa se sentir de fato cuidado, orientada e desenvolvida:
Buscar ter clareza do que se espera de nós no trabalho. Quando temos conversas sobre isso, temos mais foco, alinhamos expectativas. São conversas sobre nossas tarefas; como somos mais produtivos; falamos sobre nossos maiores sucessos, o que nos desafia e estimula; entendemos o que esperamos de nossos colegas de trabalho, do nosso chefe e o que as outras pessoas de nossa equipe esperam de nós.
Buscar entender se as pessoas tem os materiais e recursos básicos para realizarem seus trabalhos adequadamente. Essa conversa sempre é individual, cada pessoa tem necessidades distintas, não dá para padronizar isso excessivamente. Se desejamos ter conversas significativas, precisamos estar preparados para as respostas também e como atender a essas demandas.
Conversas sobre como a pessoa pode fazer o que faz de melhor. Compreender como empregar seus talentos ao máximo durante o dia é essencial. Como podemos adaptar as funções para fazer uso desses talentos? É importante demonstrar apreciação pelo trabalho que as pessoas realizam ao utilizar seus talentos. Encoraje as pessoas a reconhecerem suas próprias habilidades, bem como as dos outros membros da equipe.
Buscar entender se a pessoa com que trabalha, recebeu reconhecimento ou elogios nos últimos 7 dias. Não é possível que em sete dias não há nada que se possa elogiar em alguém. Você está prestando atenção na pessoa? O elogio pode ser de coisas simples. Acredite, o funcionário não vai ficar folgado porque você o elogiou, é o oposto.
Você se preocupa genuinamente com os membros da sua equipe? Demonstre a importância de cada indivíduo, reconhecendo suas contribuições e esforços. Além disso, entenda o que é significativo para eles fora do ambiente de trabalho. Recentemente, presenciei um diálogo entre um líder e um funcionário. Durante a conversa, o funcionário compartilhou que sua esposa estava prestes a dar à luz um menino. Infelizmente, o líder havia esquecido completamente que a esposa do funcionário estava grávida, muito menos que o bebê seria um menino. Ele expressou surpresa, como se estivesse ouvindo a notícia pela primeira vez. Esse comportamento insensível foi perceptível e decepcionante para o funcionário, que percebeu a falta de interesse do líder em suas questões pessoais. No entanto, não precisa ser desta maneira, certo?
Tenha conversas nutritivas que estimulem o desenvolvimento das pessoas. Do que elas mais gostam no trabalho? Quando a pessoa em questão pensa em desenvolvimento profissional, o que vem a mente dela? Concorda que pode ser diferente do que você considera desenvolvimento? Como você pode ajudá-la?
Seu funcionário sente que suas opniões são levadas em consideração? O que pode fazer para ajudar seu funcionário a expressar suas opniões? Você torna o ambiente em grupo, um lugar seguro e confiável para que seus funcionários se sintam protegidos em dar suas opiniões? Incentice a circulação das ideias de forma livre. Quando nos sentimos valorizados e ouvidos, tendemos a adquirir um grande senso de responsabilidade. O trabalho se torna um lugar agradável e desejável de pertencer e contribuir.
Converse sobre a relação da missão pessoal com a missão e propósito da empresa. Noto que esses valores e missão da empresa, estão muito desconectados com nossos próprios valores. Esse tipo de conversa, ajuda a entender o que na função daquela pessoa a faz se sentir orgulhosa, fazendo algo significativo de fato. Enquanto escrevo aqui, me lembrei em partes de um historinha que li, algo como dois homens levantando grandes paredes. Eles foram contratados como pedreiros para construir uma igreja. Ao primeiro homem foi perguntado o que estava fazendo, e ele disse que estava empilhando tijolos, ao segundo foi feita a mesma pergunta e ele respondeu que estava construindo um templo para abrigar o Espirito Santo de Deus. Quando eu li isso, imaginei que o segundo pedreiro, sentia muito mais conexão com seu trabalho do que o primeiro.
Será que seu funcionário confia que os colegas da equipe são todos comprometidos com a qualidade? Todo mundo deseja trabalhar em um ambiente de comunicação honesta e completa, em que haja um entendimento do trabalho de cada um e o respeito pelo esforços e resultados de todos. Pergunte: Como você mede sua própria produtividade e qualidade? Ao observar os trabalhos dos outros membros do time, o que pensou que poderia ter sido feito de forma melhor? Por quê? Você acredita que possa questionar e enfrentar alguém quando você tiver um problema de qualidade?
Você tem algum amigo no trabalho? Existe alguém que se importa com você? Pode parecer bobagem, pois aprendemos que no trabalho não é lugar para termos amigos. Isso não é verdade. Adoramos nos relacionar, precisamos disso. E quando podemos ter a alegria de ter no trabalho, um amigo, isso dá vontade de querer compartilhar coisas, pode-se confiar em alguém e saber que temos com quem contar. Pergunte o que ajudaria essa pessoa a contruir relações mais fortes no trabalho. Questione o que mais poderia ser feito com a equipe para que o clima fosse legal o suficiente, em que haja confiança mútua e respeito ao outro. Ouça com muita atenção. Você pode extrair ouro desse tipo de conversa. Você não vai forçar ninguem a ser o melhor amigo de outra pessoa. Mas bem que pode construir um ambiente favorável para isso, não é mesmo?
Converse sobre o progresso da pessoa nos últimos seis meses. Questione do que a pessoa mais gosta na função atual. Como ela tem usado seus talentos nessa função. Questione se existem pontos fortes que ela possa usar mais em sua função. Descubra o que a distrai da conclusão do seu trabalho. Conversem sobre desempenho.
Por fim, troque ideias sobre se no último ano a pessoa teve oportunidade de aprender e crescer. É interessante que uma das formas mais eficientes de aprender e crescer no trabalho, é encontrar meios mais eficientes de realizar o trabalho em questão. Esse é um papo que rende muitas ideias, ajustes importantes. Pergunte o que a pessoa se propôs para esse ano, que tipos de oportunidades de aprendizado são do interesse dela, se exite alguma coisa que ela gostaria de aprender? Quais foram as conquistas dela esse ano. O que ela deseja fazer nos próximos 2 ou 5 anos?
Não falta assunto para termos conversas significativas com as pessoas. Quando nós conversamos assim, há maior entendimento, gera confiança, é muito estimulante.
Existem formas de estruturar essas conversas para que caibam na agenda de um líder.
Mas a pergunta é: Você está realmente disposto a ter conversas mais sigificativas com as pessoas? Isso está no radar como algo que queira desenvolver?
Não dá para colocar tudo nas costas do “não tenho tempo". Isso seria um erro de priorização.
Por isso tanta gente se vê no circulo vicioso de apagar incendios os dia todo, onde tudo é urgente.
Falta dedicar tempo de qualidade para conversas como as que mencionei acima. Tempo esse muito bem empregado, que gera muitos frutos para todos os envolvidos.
O ambiente de trabalho e o trabalho em si, não precisam ser tão difíceis quanto são. As conversas genuínas que nutrem, podem ser o começo dessa mudança que tanto desejamos.
Essa é uma conversa que puxo por aqui, mas que deve envolver o RH, os líderes e alta gestão, para que estejamos todos na mesma página. Todos devemos nos empenhar em termos melhores conversas.
E aí, já parou pra pensar como seria um ambiente onde todos se sentem ouvidos e valorizados? Um lugar onde a comunicação flui de verdade, onde rola apoio mútuo e todo mundo sente que faz parte de algo maior?
Começar a ter essas conversas pode transformar não só o ambiente de trabalho, mas também a vida de cada pessoa envolvida.
Pode ser que o simples ato de dialogar abertamente seja o que falta pra gente criar esse espaço mais acolhedor e produtivo. O que você acha? Será que estamos prontos pra essa mudança?
Abraço afetuoso,
Adri Ferrareto
Sabe aquele livro que te faz pensar e ainda te prende do começo ao fim? Então, é esse!
1. Reflexão Profunda: O livro traz uma análise super interessante sobre a existência humana. Fala sobre amor, infidelidade e compaixão de um jeito que faz a gente refletir sobre nossas próprias escolhas.
2. Combinação Única: Ficção e filosofia se misturam de uma maneira única. É uma leitura que vai além do entretenimento e nos deixa mais ricos intelectualmente.
3. Personagens Cativantes: Você vai conhecer Tereza, Tomas, Sabina e Franz. Personagens tão bem construídos que parece que eles vão saltar das páginas. Suas histórias são emocionantes e profundas.
4. Contexto Histórico: O livro se passa em um período politicamente complicado, o que dá um toque especial à história. Faz a gente pensar sobre como o contexto social influencia nossas vidas.
5. Um Clássico: Esse livro é um dos grandes romances do século XX. Ler um clássico desses é sempre uma boa ideia para enriquecer nosso repertório literário.
6. Estímulo ao Pensamento Crítico: Ele aborda conceitos filosóficos de um jeito acessível, que nos faz questionar nossas próprias crenças e valores.
Se você está procurando uma leitura que seja ao mesmo tempo cativante e intelectualmente estimulante, não perca essa dica! Vai expandir seus horizontes e te proporcionar momentos incríveis. Boa leitura!
A sabedoria do Trauma - Gabor Maté
Esse vídeo está disponível na Prime Vídeo. Vale muito a pena entender a visão do Dr Gabor Maté sobre traumas.
Se antes quiser dar uma olhada nesse vídeo da Maria Homem explicando o conceito, aconselho.
Uso a ferramenta Beehiiv para produzir essa news. Caso também queira escrever sua news, recomendo muito essa ferramenta.
Poder fazer essas trocas com vocês tem sido muito prazeroso. Gosto muito desse espaço em que temos um pouco mais de tempo para refletir sobre assuntos de autodesenvolvimento.
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