Esta é a sua newsletter semanal, enviada geralmente aos domingos, trazendo reflexões, provocações e descobertas sobre o desenvolvimento pessoal e profissional. Um espaço dedicado a quem busca explorar e maximizar seus talentos, transformando a maneira como vive e trabalha. Seja bem-vinda(o) a um momento de pausa e inspiração.
O mundo do trabalho está repleto de talentos inexplorados. A mais recente Pesquisa Global Workforce Hopes and Fears da PwC revela um cenário preocupante: mais de um terço dos trabalhadores afirma possuir habilidades que não se refletem em suas qualificações ou cargos.
Então, por que as empresas estão falhando em identificar e utilizar esse potencial?
Há um desencontro evidente entre o desejo dos funcionários de expandir seus talentos e a incapacidade das organizações de oferecer espaço para isso.
A questão é: como mudar esse cenário e criar um ambiente onde esses talentos possam ser descobertos e realmente aproveitados?
Vamos explorar isso juntos.
A pesquisa da PwC aponta uma falha crítica nas práticas de contratação e gestão de talentos: um foco obsessivo no que está escrito no currículo.
Veja bem, estamos falando de um modelo de contratação ultrapassado, que valoriza a experiência formal e as qualificações em detrimento do verdadeiro potencial.
Apenas 22% dos trabalhadores acreditam que suas empresas utilizam suas habilidades de maneira eficaz.
Se isso não acende um alerta vermelho, o que mais poderia?
Empresas contratam com base em uma lista de requisitos, mas raramente olham além do papel para identificar os talentos que não se encaixam em uma descrição de cargo tradicional.
E não pense que a responsabilidade é apenas das organizações.
Profissionais também têm sua parcela de responsabilidade nisso. Muitas vezes, escondem seus talentos por medo de parecerem arrogantes ou fora do padrão.
Estão tão presos à ideia de que apenas habilidades formalmente reconhecidas têm valor que acabam se encaixando em moldes que não refletem quem realmente são.
Então, temos aqui um ciclo vicioso: empresas que não sabem como "pescar" os talentos e profissionais que não sabem como apresentá-los. Resultado? Potencial desperdiçado.
Se você é líder ou faz parte de uma equipe de RH, é hora de encarar a realidade: o problema não é a falta de talentos, mas sim a falta de visão para reconhecê-los.
A PwC sugere a necessidade de uma mudança de mentalidade.
É hora de montar squads baseados nas habilidades reais das pessoas, e não em qualificações que aparecem em um documento.
Isso requer coragem para sair do tradicional e criar espaços onde os talentos possam ser descobertos e aplicados de maneira dinâmica.
Mas vamos ser francos: a maioria das empresas ainda está presa a uma abordagem estática.
Elas encaixam funcionários em descrições de cargo rígidas e esperam que se limitem às tarefas pré-definidas e paradoxalmente esperam que sejam criativos.
Se você está fazendo isso, está desperdiçando o que cada pessoa pode trazer de único.
Para criar times verdadeiramente eficazes, é necessário quebrar essas barreiras e adotar uma cultura de experimentação e descoberta.
Dê espaço para que seus funcionários mostrem do que são capazes, além do óbvio.
Muitas organizações simplesmente não sabem como identificar talentos ocultos.
Estamos tão acostumados a olhar para métricas tradicionais de desempenho que deixamos escapar o verdadeiro potencial das pessoas.
É confortável seguir um modelo que prioriza tarefas conhecidas e mensuráveis, mas é exatamente essa zona de conforto que limita o crescimento.
Vamos ser diretos: sua empresa é um ambiente que encoraja a expressão de talentos fora da caixa? Ou é um espaço onde as pessoas sentem que precisam se encaixar para serem aceitas?
Se a resposta é a segunda, você está sufocando a criatividade e a inovação.
É preciso ir além das avaliações de desempenho padronizadas e criar processos que permitam uma exploração real dos talentos individuais.
Mas isso não se faz da noite para o dia. É um compromisso contínuo com a construção de uma cultura mais inclusiva e aberta.
“Juntas, essas estatísticas mostram o quão crítico é para as empresas criar amplas oportunidades para todos os funcionários desenvolverem habilidades no trabalho e garantir que os líderes estejam fornecendo orientação e mentoria sobre quais tipos de habilidades os funcionários precisam desenvolver. Também é importante criar uma cultura de aprendizado, onde criar tempo para aprender no trabalho seja parte do DNA da organização”.
PWC
É crucial reconhecer que o desenvolvimento e a expressão dos talentos são influenciados pelo ambiente e pelas circunstâncias ao redor.
Enquanto algumas pessoas encontram facilidade em destacar seus talentos, outras enfrentam obstáculos invisíveis, mas muito reais.
Por exemplo, assim como as mulheres costumam encontrar mais dificuldade em pedir aumentos de salário em comparação com os homens, o mesmo pode ocorrer quando se trata de demonstrar suas habilidades e competências.
Uma mulher pode hesitar em se promover ou destacar seus talentos por receio de ser vista como arrogante ou fora do padrão, enquanto um homem pode fazê-lo com mais naturalidade e ser até incentivado a adotar essa postura.
Não é uma questão de falta de esforço, mas sim de não ter as mesmas oportunidades de expressar seus talentos de forma espontânea e natural, devido a um sistema que privilegia certos comportamentos e perfis enquanto cria barreiras para outros.
Somos levados a acreditar que, se não conseguimos mostrar nossos talentos plenamente, a culpa é inteiramente nossa.
Mas isso é uma armadilha. Não podemos colocar tudo na conta do indivíduo, ignorando o entorno.
O ambiente, as estruturas de poder, e as normas sociais desempenham um papel crucial em criar — ou bloquear — oportunidades para que alguém demonstre seus talentos.
Muitas vezes, o sistema em que vivemos e trabalhamos não contribui, ou até mesmo impede, que as pessoas possam expressar suas habilidades de forma natural e autêntica.
É fundamental reconhecer que a pressão para performar em um ambiente que não oferece suporte adequado é o que realmente oprime, não a falta de esforço do indivíduo.
A PWC sugere: “Enquanto isso, não negligencie o talento escondido à vista de todos. Use inventários de habilidades para obter insights abrangentes sobre as habilidades e a expertise da sua força de trabalho. Isso também pode ajudar você a mudar para uma abordagem de habilidades em primeiro lugar , que ajuda empresas, trabalhadores e a sociedade removendo barreiras à capacidade das pessoas de aplicar suas habilidades e contribuir no trabalho”.
Nesse vídeo explico como fazer um teste com embasamento cientifico para descobrir seus talentos à partir do livro Descubra seus Pontos Fortes 2.0;
Nesse outro vídeo mostro como fazer o teste completo via Gallup;
Aqui mostro detalhes de como é um relatório da Gallup indicando os talentos, no caso usei o meu como exemplo, vai lá dar uma olhada.
Chegamos a um ponto crítico: a discussão sobre talentos precisa ser aprofundada. Não se trata apenas de "aproveitar melhor as habilidades dos funcionários". É mais do que isso.
Trata-se de entender que o uso eficaz dos talentos exige um ambiente que reconheça e valorize a complexidade da experiência humana.
Ignorar as diversas camadas de desafios que as pessoas enfrentam é perpetuar uma visão rasa e meritocrática do que significa ter e usar talentos.
Se você, como empresa, realmente quer extrair o máximo das habilidades de seus funcionários, precisa ir além do discurso e adotar práticas que criem um ambiente inclusivo e flexível.
Isso significa questionar seus próprios processos, rever políticas e, acima de tudo, estar disposto a ouvir e aprender com seus funcionários. Só assim é possível criar um espaço onde os talentos possam ser plenamente expressos.
Para as empresas, a tarefa é clara, mas desafiadora: transformar suas práticas de recrutamento, avaliação e desenvolvimento para que reflitam um entendimento mais profundo e inclusivo dos talentos.
Não basta procurar pelas habilidades certas. É necessário criar um ambiente onde essas habilidades possam se manifestar, crescer e, sim, desafiar o status quo.
Para os profissionais, a reflexão é igualmente desafiadora. É hora de olhar para si mesmo e identificar os talentos que talvez tenham sido silenciados.
Não se trata de gritar para o mundo tudo o que você sabe fazer, mas de encontrar formas de expressar esses talentos que sejam autênticas para você.
É um caminho que exige coragem e autoconhecimento, mas também a compreensão de que você não precisa se conformar com padrões que não valorizam quem você realmente é.
A verdadeira mudança acontece quando empresas e profissionais se encontram em um espaço de reconhecimento mútuo e respeito pela diversidade de talentos.
Está na hora de mudar a narrativa e entender que o potencial de cada um vai muito além do que está no papel.
O verdadeiro potencial dos talentos é desperdiçado quando as empresas se prendem ao que está no papel e ignoram o que vive nas pessoas.
É um chamado para todos — líderes, gestores e colaboradores — para construir um ambiente de trabalho onde os talentos sejam não apenas reconhecidos, mas realmente aproveitados.
Abraço afetuoso,
Adri Ferrareto
Se quiser ouvir mais a respeito desse e outros assuntos, conheça meu Podcast Escola de Carreira.
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Strengths Coach certificada pelo Gallup® Institute
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