Já aconteceu com você de sentir uma dor aqui, outra acolá e foi deixando para depois, tomou um analgésico por conta e seguiu a vida?
Com o passar do tempo, mais sintomas apareceram, mas ir ao médico e fazer um check-up toma tempo, é chato, então você resolve deixar isso para depois.
Eu faço um mini check-up todos os anos, cardiologista, endócrino, oftalmo, dentista, ginecologista, o que já é coisa para caramba.
Estou com 53 anos meus queridos; as coisas já começam a ficar diferentes por aqui, tenho de dizer a verdade. Por isso essa rotina médica.
Percebi entretanto, um comportamento esquisito da minha parte.
Há tempos venho sentindo inchaço nas pernas, desconforto, dores, queimação e outras coisas.
Todavia apesar de ter mencionado isso para os médicos que costumo frequentar ao longo do ano, não foi dada muita importância para o tema, nem da minha parte, nem deles.
Se isso me incomodava, por que não fui mais assertiva ao comunicar meus sintomas aos especialistas?
A resposta que eu cheguei é constrangedora para mim, mas percebi que estou “acostumada” a sentir dor e, um probleminha a mais, como esse das pernas, foi negligenciado por mim.
Você pode até dizer: “mas eram os médicos que deviam ter dito algo para você”.
Concordo. Mas faço aqui mea-culpa. Quando algo nos incomoda, precisamos aprender a expressar isso com a clareza necessária, até que alguém entenda de fato que você precisa de ajuda.
Não pode ser um sussurro, do tipo, no meio da consulta largo uma frase: “sabe, tenho tido desconforto nas minhas pernas”, uma frase solta no meio de um monte de outros assuntos que estamos tratando.
Fui à consulta com minha ginecologista. Depois de tudo acertado, quase no final, eu disse: "Estou com grande desconforto nas pernas".
Relatei a situação detalhadamente e pedi orientação sobre qual especialista procurar ou o que fazer. Não quero mais continuar assim.
Parece que falei a palavra mágica, uma senha que abre um portal.
Fui clara o suficiente, portanto a profissional também foi e me indicou uma médica vascular.
Já com a especialista e todo o check-up feito por ela, detectamos os problemas reais.
Soluções: medicamentos orais, meia de compressão para varizes e daqui a seis meses uma pequena cirurgia.
Comecei a pensar: “comprimidos ok, eu tomo sem problemas, cirurgia daqui seis meses, talvez eu nem precise fazer, vai que com o remédio tudo melhora".
Quanto a meia de compressão nem pensar!
está muito calor para eu usar essas meias;
é feio demais, a canela fica parecendo perna de boneca velha de plástico, (eu tinha uma boneca assim na infância e lembro bem como era feia);
é ruim de vestir, porque é apertada;
seis meses usando meia de compressão é muita coisa.
Então resolvi pensar no desconforto e a quanto tempo eu estou reclamando disso. Estava na hora de sair desse lugar de “acostumada com o desconforto” para um lugar “vou procurar a solução e aplicá-la”.
Fui comprar a tal da meia, feia que dói, mas:
superada a dificuldade inicial de vesti-la, na hora senti um pequeno alívio
algumas horas depois, parecia que eu não tinha pernas, calma que não era amortecimento, era leveza, finalmente!
dias depois usando a meia, comecei até a dormir melhor.
meus dias de trabalho (fico ou bastante tempo sentada atendendo on-line, ou muitas horas em pé ministrando treinamentos presenciais) já eram melhores, pois a meia ajuda com a circulação.
Estou amando a sensação que ela está me proporcionando.
Os benefícios tem sido bem maiores que os obstáculos que mencionei (e que são reais).
Como encara os problemas?
É sobre o processo de autoexame e descobertas sobre sua carreira.
Pensa comigo: trabalhamos anos a fio, durante os quais coisas boas e ruins acontecem. Com o tempo, acostumamo-nos a certos desconfortos, dizendo: "é assim mesmo", "não há nada que eu possa fazer", "isso é mi-mi-mi".
Apenas para citar algumas coisas que podem estar te incomodando há algum tempo e você se “acostumou” com isso:
o relacionamento com seu chefe é desgastante emocionalmente;
você gosta de ser estratégico mas não tem espaço para pensar e opninar, apenas executar;
você é muito bom(a) em analisar dados, aprofundar em busca de soluções, mas não tem acesso aos números e é cobrado a tomar decisões “no escuro” a maior parte do tempo;
você gosta de dar ideias e apontar soluções quando está em reuniões, mas em geral, as pessoas envolvidas nada fazem, e os problemas continuam os mesmos, reuniões após reuniões;
é muito bom em se comunicar e estabelecer relacionamentos com as pessoas, mas passa a maior parte do dia atrás de planilhas;
gasta horas do seu dia no trânsito indo e voltando do seu trabalho;
não tem tempo para desenvolver seu time, afinal seu trabalho tem sido “apagar incêndios”;
tem dificuldade para expressar o que sente com assertividade: ou fica quieto(a) e deixa passar, ou explode em emoções, de forma dramática e pouco estratégica;
sem perceber entra constantemente em um dos três papéis no triângulo do drama (papel da vítima /perseguidor / protetor), onde um culpa, outro se defende e alguém tenta proteger;
gostaria de ter mais conversas “produtivas” com seu time e seus superiores ou pares, mas não sabe por onde começar;
não tem bem certeza se deseja ser um líder para ganhar mais ou se continua como especialista, onde é mais confortável e produtivo;
é lider há muito tempo, já chegou onde queria e agora não tem clareza dos próximos passos.
Mas existe um momento que você precisa parar e se perguntar: “quanto esse assunto específico me incomoda? Quero olhar com mais atenção para o tema?”
Se for o caso, é hora do check-up na carreira. Colocar um holofote no assunto e examinar o que precisa para tomar decisões assertivas depois.
Lembra que no começo do texto mencionei com alguns médicos o meu desconforto, mas que não dei tanta ênfase?
Você pode estar fazendo o mesmo com sua carreira.
Até sente um desconforto com algumas coisas que citei acima, ou outras tantas. Buscou ler alguns livros, fez cursos, falou com seu chefe, talvez tenha conversado com o RH, mas tudo muito de leve, sem a clareza e aprofundamento necessários.
A consequência de agirmos assim pode ser danosa.
Se está incomadando mesmo, precisa ir mais a fundo no assunto.
Vamos começar pelos seus valores pessoais. Não desista agora, no meio da nossa conversa.
Não faça como eu fiz em relação à meia de compressão, achei mil obstáculos para não usá-la.
Nesse momento, você vai começar a se dar inúmeras desculpas para não avançar com o diagnóstico, mas isso é só seu cérebro querendo economizar energia e ir pelo caminho conhecido.
Não se deixe levar por essa tendência.
Siga comigo - vou segurar sua mão.
Roda da Vida
Quando falo de valores pessoais, quero que você pense no que importa nessa fase da vida que você está.
Quando somos mais jovens, topamos qualquer parada, temos energia de sobra e muito tempo pela frente.
Queremos nos estabelecer, ganhar dinheiro, alguns almejam poder e sucesso.
Por conta disso, nos submetemos a muitas coisas. Engolimos um montão de sapos. Afirmo que, às vezes, engolimos um pântano inteiro.
Nessa fase atual em que você se encontra, questione:
Qual a minha relação com o dinheiro? Consigo guardar e investir?
Gasto tudo que ganho?
Preciso submeter-me a coisas que não quero mais, pois ainda não tenho independência financeira?
Presenteio-me pois mereço, “afinal, trabalho tanto e com coisas que nem gosto mais”;
Com quantos anos estou?
Nessa fase, o que de fato importa para mim (sucesso, poder, fama, paz, tempo de qualidade para si, tempo para os outros)?
Como vai a saúde e nível de energia para realizar as coisas? O que está disposto ou não a fazer nessa etapa? Evidente que estou falando de um lugar de privilégio, para pessoas que podem de alguma forma “escolher” o querem ou não fazer.
Deseja mudar de cidade, de país?
Quer usar seus conhecimentos e ser um mentor, professor, escrever um livro ou algo semelhante?
Ou você deseja fazer um trabalho voluntário, que seja significativo para você?
Quer mais liberdade? Para quê, especificamente?
Deseja se espiritualizar mais? Como?
Quer ter um hobby que te traga leveza? Qual?
Precisa se posicionar mais no trabalho, de forma assertiva?
Quer aprender a separar o que é essencial do que não é para sua carreira?
Necessita lidar com conflitos de forma mais inteligente e com maturidade emocional?
A realização das tuas ideias precisa ser aprimorada? Precisa colocar mais a mão na massa para que as coisas aconteçam?
Sente que não tem pensado estrategicamente em sua carreira?
A lista para esse diagnóstico sobre o que importa nessa fase da vida, pode ser grande. Mas não deixe de se questionar. Pois, seus valores pessoais são como uma bússola que orientam o sentido (norte verdadeiro) que deve seguir.
O incômodo de lidar com esses assuntos por ser tão grande, que preferimos deixar para depois, pois quando olhamos com a devida atenção para o tema, surge uma necessidade dizer sim para alguma coisa e não para tantas outras.
Por exemplo, imagine alguém valorizando liberdade e família, desejando mais tempo de qualidade com os filhos. Contudo, a empresa oferece uma posição que exige viagens constantes e longos períodos longe da família, além de uma alta carga de atividades.
Percebe como não combina o que você deseja com o que estão te propondo?
Quando não temos alternativas, sobretudo financeiras, tendemos a aceitar o que aparece como “oportunidade”.
Mas meu convite a você é que vá para além, quando puder escolher, mesmo que minimamente, o que deseja alinhar com seus valores?
Nesse momento quando avistar a lista abaixo, você provavelmente vai fazer o mesmo que eu fiz em relação à meia de compressão.
Inúmeros desafios surgirão, fazendo com que você não deseje encarar isso agora.
Nessa hora costuma aparecer o medo, culpa, vergonha, indecisão. É desconfortável mesmo. Não estamos acostumados a lidar com a vulnerabilidade e entender que ela faz parte da nossa vida.
Como agora já sabe que é assim que funciona, não deixe essa armadilha te envolver.
"Nossas vidas começam a terminar no dia em que nos tornamos silenciosos sobre as coisas que importam."
Martin Luther King Jr
Escolha apenas cinco valores que são inegociáveis para você:
Respeito: Valorizar e considerar os sentimentos, direitos e tradições dos outros.
Integridade: Agir com moralidade e ética, mantendo-se fiel aos próprios princípios.
Compaixão: Demonstrar empatia e solidariedade para com o sofrimento alheio.
Responsabilidade: Assumir as consequências das próprias ações e compromissos.
Gratidão: Reconhecer e apreciar o que se tem e o que os outros oferecem.
Generosidade: Doar tempo, recursos ou atenção aos outros sem esperar recompensa.
Humildade: Reconhecer suas limitações e valorizar as contribuições dos outros.
Perseverança: Persistir diante dos obstáculos e desafios com determinação.
Amor: Sentir e expressar afeição e cuidado de forma incondicional.
Justiça: Buscar a equidade e igualdade, tratando a todos de forma imparcial.
Liberdade: Valorizar a capacidade de escolha e expressão própria ou alheia.
Paciência: Manter a calma e tolerância diante da adversidade ou provação.
Lealdade: Ser fiel a compromissos e a pessoas, demonstrando fidelidade.
Coragem: Enfrentar desafios e medos, agindo com bravura.
Bondade: Ser gentil, amigável e generoso no tratamento com os outros.
Sabedoria: Usar conhecimento e experiência para tomar decisões prudentes.
Autocontrole: Gerenciar impulsos e emoções de forma eficaz.
Empatia: Entender e compartilhar os sentimentos e perspectivas dos outros.
Solidariedade: Apoiar e unir-se a causas ou indivíduos em necessidade.
Honorabilidade: Agir de forma honrada, conquistando respeito e admiração.
Transparência: Ser claro e aberto em intenções e comunicações.
Tolerância: Aceitar e respeitar diferenças individuais e culturais.
Disciplina: Manter consistência e ordem em ações e comportamentos.
Curiosidade: Demonstrar um desejo forte de aprender e explorar.
Adaptabilidade: Ser capaz de ajustar-se a mudanças e novas situações.
Inovação: Valorizar a criatividade e a busca por novas soluções e ideias.
Cooperação: Trabalhar em conjunto com outros para alcançar objetivos comuns.
Otimismo: Manter uma atitude positiva e esperançosa diante da vida.
Autenticidade: Ser genuíno e com os próprios sentimentos e ações.
Escolha apenas cinco valores pessoais, você pode incluir dentre os cinco, alguns que não estão na lista.
A ideia é que você resuma, fique com aquilo que é importante nesse seu momento de vida.
Poucos valores são inegociáveis. É importante que você saiba quais são no seu caso.
Com esses valores escolhidos a dedo, reflita: como posso fazer para adaptar meu trabalho e estilo de vida, de tal forma a me aproximar o máximo possível de um jeito de viver e trabalhar que estejam alinhados com meus valores?
“O que eu sei com certeza é que falar a sua verdade é a ferramenta mais poderosa que todos nós temos."
Oprah Winfrey
E por falar em Oprah Winfrey, parte da história dela, revela que em um determinado momento ela fez esse check-up na própria carreira.
Oprah começou sua carreira na mídia trabalhando em rádio e depois em noticiário televisivo local, inicialmente como âncora.
Apesar de seu sucesso inicial, ela não se sentia satisfeita com o tipo de jornalismo que estava fazendo. Oprah queria criar um tipo diferente de programa, que pudesse tocar as pessoas de maneira mais profunda e significativa.
A grande virada veio quando ela foi recrutada para apresentar um talk show matinal em Chicago, que estava em último lugar na audiência.
Oprah transformou o "AM Chicago" em um enorme sucesso, reformatando o programa para incluir discussões sobre questões sociais, autoajuda e espiritualidade, além de entrevistas com celebridades.
O programa foi renomeado para "The Oprah Winfrey Show" e se tornou um fenômeno internacional, reinando por 25 anos como um dos talk shows mais assistidos na história da televisão americana.
Além de sua carreira na televisão, Oprah expandiu seu império para incluir produção cinematográfica, publicações e filantropia, impactando milhões de vidas ao redor do mundo.
Sua capacidade de reinventar sua carreira e expandir seu impacto além do que era esperado dela é um testemunho de sua visão, autoconhecimento e determinação.
Se lermos a história oficial dela, veremos que foi cheia de obstáculos, dramas, perdas e dificuldades, como a maioria de nós.
Não é porque alguém tem sucesso e fama que foi fácil.
Esse exemplo apenas ilustra que podemos sim, fazer mudanças.
Seus talentos são únicos
A depender dos seus valores pessoais, essas mudanças podem ser muito mais sutis.
Não sabemos quais são os valores e motivações da Oprah. Mas isso não importa para sua história.
Construa a sua, com seus valores, com o que importa para você e os seus.
Lembrando é claro, que tudo tem um impacto no outro. Então nossos desejos e e necessidades não podem prejudicar os outros. Mas isso eu não preciso nem falar, não é mesmo?
Além disso, realizar uma revisão da carreira não necessariamente precisa resultar em transformações tão significativas e dramáticas.
Sou adepta de fazermos pequenos e bons ajustes de rota, gradativamente, com muita gentileza e autorrespeito.
Tentar mudar muitas coisas ao mesmo tempo, é a receita certa para o fracasso.
Se você acrescentar aos seus valores pessoais, o uso dos seus talentos, descobrirá uma gama de oportunidades para aplicar a sua carreira no dia-a-dia.
Nessa news aqui sobre talentos, expliquei em detalhes como os talentos funcionam e como descobrí-los, caso queira ler.
Respeitar seus valores pessoais e usar com maestria seus talentos natos, podem ser a correção de rota que você precisa para esse momento da carreira.
Agora que você já viu como um simples check-up pode revelar questões fundamentais e levar a transformações significativas, tanto na saúde quanto na carreira, é hora de aplicar esse conhecimento em sua própria vida.
Encontrei alívio e nova perspectiva enfrentando desconfortos e seguindo recomendações médicas. Da mesma forma, você pode descobrir novas possibilidades em sua carreira ao fazer seu próprio check-up profissional.
Valores Pessoais e Talento: A Chave
Identificar seus valores pessoais e talentos é como encontrar o mapa do tesouro para sua carreira.
Permite que você alinhe suas ações com o que é verdadeiramente importante, com aquilo que você faz de melhor (talentos), garantindo que cada passo dado seja em direção a uma carreira mais gratificante e significativa.
Este é o momento de transformar quaisquer desconfortos ou frustrações em ações positivas.
Convido você a não apenas sonhar com uma carreira que reflita seus valores mais profundos e utilize seus maiores talentos, mas a tomar medidas concretas para torná-la realidade. Seja ajustando o curso ou fazendo mudanças necessárias, o importante é começar.
Estou aqui para ajudá-lo(a) nessa jornada. Se você sentir que um check-up de carreira é o próximo passo para você, não hesite em entrar em contato comigo. Juntos, podemos explorar suas aspirações, identificar seus valores e talentos, e traçar um caminho que leve ao cumprimento e sucesso profissional.
Lembre-se, o primeiro passo é muitas vezes o mais desafiador, mas também o mais transformador.
Não permita que "estou acostumado com isso" seja a frase que define sua carreira.
“A única pessoa que você está destinado a se tornar é a pessoa que você decide ser."
Ralph Waldo Emerson
Assim como a minha atitude em relação ao uso da meia de compressão me trouxe alívio e uma nova perspectiva, permitir-se um check-up de carreira pode revelar oportunidades e caminhos inexplorados que trarão novo vigor e direção à sua vida profissional.
Metaforicamente, espero que este check-up de carreira irrigue sua trajetória profissional com sangue novo. Que ele também pulse seu coração com vigor e paixão renovados, direcionando-o a um futuro mais significativo para você.
Lembre-se: O desconforto advindo da mudança de atitude costuma ser recompensador.
Abraço afetuoso,
Adri Ferrareto
Strengths Coach certificada pelo Gallup® Institute
Executive Coach Certificada pelo Integrated Coaching Institute (ICI)
Certificação Internacional em Coaching Integrado