Dia desses me dei conta que completei 13 anos com minha empresa de Desenvolvimento Humano. Resolvi fazer um post nas minhas redes sociais Instagram e Linkedin para compartilhar, contando brevemente a minha tragetória, escolhas e renuncias.
Foi um exercício muito interessante, pois do alto dos meus 53 anos de idade, fazendo a engenharia reversa dos fatos ocorridos, percebo que quanto mais envelheço, vou ficando mais consciente de como quero conduzir minha carreira e vida.
Ja faz um bom tempo que estou mais presente no sentido de prestar atenção ao que escolho entrar na minha vida ou deixar de fora. Isso exige coragem.
Evidente que falo de um lugar de muitos privilégios, o que me permite fazer isso. Tenho um trabalho que me dá essa flexibilidade de “escolher”, me organizo com dinheiro de forma que eu possa minimamente aceitar ou não certos projetos.
Mas não significa que mesmo tendo essas condições favoráveis, faremos bom uso desse recurso que é a escolha consciente.
Quando estou no piloto automático, percebo que não necessariamente faço escolhas, apenas respondo as demandas que aparecem, por isso falo aqui que tenho aprimorado essa coisa de perceber bem o que me aparece pela frente, e como quero lidar com a situação.
Mas antes de falar mais sobre escolhas, quero trazer a reação das pessoas ao meu post e dividir com vocês alguns insights que tive:
Esse comentário acima me trouxe a reflexão se mesmo tantos anos depois trabalhando em desenvolver pessoas, continuo conectada com o que importa para mim.
Quando ele gentilmente diz “esse caminho que é muito mais do que uma relação comercial com seus clientes e cura mais do que os remédios que vendia antes, pois cura a alma” me fez pensar que de fato, meu desejo é tornar o trabalho e o ambiente onde trabalhamos, mais saudáveis.
E foi um cliente muito querido, que há anos fez um treinamento de liderança junto com os gerentes e diretores de uma empresa na época. Ele é disposto a fazer as mudanças necessárias, buscar autoconhecimento, assumir seus talentos e sombras, fazer conscientemente suas escolhas e renuncias.
Fico muito grata quando pessoas como ele cruzam meu caminho. Esse é o tipo de pessoa com quem vou querer trabalhar sempre. O mesmo ocorre com as pessoas a seguir.
Pena não dar para trazer todos os comentários com inúmeras outras pessoas que amei trabalhar esses anos todos…
Esses comentarios também me trouxeram lembranças de trabalhos realizados há anos e fico muito feliz de perceber como o impacto de nossas conversas continuam reverberando tantos anos depois.
Mas note, são pessoas que assumiram a responsabilidade de usar o conhecimento que transferi, eu fui apenas um ponto de apoio, eles fizeram todo o trabalho intenso de aplicar em suas vidas.
Por isso, me enchem de alegria, mas acima de tudo, me mostram que o êxito vem de uma combinação de fatores: essas pessoas todas que me encontraram/escolheram em suas trajetórias de vida tem algo em comum, desejam ser melhores a cada dia.
Continuo querendo trabalhar com pessoas com valores pessoais semelhantes aos meus, que acreditam que é possível focar no que as pessoas tem de melhor.
A cada vez mais, escolho poder trabalhar com empresas que estão engajadas em implementar mudanças na gestão de pessoas, para que possamos transformar o lugar do trabalho em solo fertil e de boas colheitas.
Vou citar apenas um exemplo:
Programa TRANSFORMA de lideranças 2024
Comecei esse ano o Programa Transforma de Liderança, com diretores e gerentes da empresa Arteche com esse time engajado.
O legal desse projeto, é que além dos diretores e comitê, estamos trabalhando com os coordenadores também. Assim, falamos o mesmo “idioma” sobre gestão de pessoas baseado em Pontos Fortes, em vários níveis.
Isso é muito estratégico, pois eles podem conversar entre si, alinhados com as estratégias do RH e todos unidos, buscarem desenvolver o melhor da liderança.
aqui a turma de coordenadores
Foi olhando para esses registros desse semestre que me lembrei que escolhi fazer algumas mentorias com CEO´s em seguimentos do mercado que eu ainda não havia atuado.
O comportamento humano é o mesmo, mas cada mercado tem suas peculiaridades e desafios, o que amplia muito minha percepção de negócios e de como gerir pessoas contemplando esses desafios e peculiaridades. Isso também me motiva.
Escolhi navegar nesses lugares novos, pois tenho uma característica de querer sempre aprender, mesmo que eu já atue há tantos anos no trabalho que realizo.
alguns poucos recortes desses atendimentos
Nesses mais de 20 anos trabalhando com pessoas, sendo 13 deles com minha própria empresa, já lidei com gente super bacana, como mencionei acima, mas também já tive de lidar com pessoas com comportamentos muito difíceis e um conceito de ética, muito elástico, digamos assim.
trecho que anotei sobre a normose
Logo, senti a necessidade de fazer um curso de ética nas decisões (Unethical Decision Making in Organizations) com o mestre Guido Palazzo da University of Lausanne. Pois quanto mais envelheço e lido com pessoas e organizações, mais necessito entender porque algumas pessoas tomam decisões tão ruins sob o aspecto ético.
Aprofundar esse entendimento sobre como o ambiente, a cultura, política, economia e tantas outras camadas influenciam na tomada de decisão das pessoas, me trouxe mais compreensão sobre onde posso atuar e como fazer isso.
O professor Guido corretamente afirma que celebramos as lideranças erradas, com a mentalidade errada.
Algumas reflexões que ele propõe:
Como selecionamos as pessoas?
Como recompensamos as lideranças?
quando NÃO demitem algum líder/CEO por comportamento, porque eles tem ótimos resultados, a mensagem que a empresa passa é que deve ser assim se quiser crescer.
O antídoto que ele oferece em linhas bem gerais:
quais são seus 3 principais valores?
o que eu não faria em hipótese alguma?
qual é o meu limite, até onde eu iria por causa desses valores?
Segundo ele “se não pensar sempre nisso (seus valores/limites), quando aparecer uma situação tóxica, você não perceberá”.
O interessante é que quanto menos uma pessoa sabe sobre um tema, mais ela se considera segura de suas verdades. Quem fala bastante sobre isso também, é Jonatahan Haidt em A mente moralista.
Essas pessoas que tem comportamentos tóxicos, acreditam até certa medida que estão fazendo “o certo”
Tenho ficado muito atenta a falta de segurança psicológica nos locais de trabalho, mesmo onde há a diversidade. E isso se aplica a minha relação com essas empresas/pessoas também.
Taí outra coisa que vai para minha lista de aprendizados de vida e carreira depois de tantos anos - que tipo de pessoas e organizações não quero trabalhar: pessoas que não estão dispostas a olhar a situação de forma ampla, não se preocupam com o impacto que suas decisões e ações causam nos outros.
Eu venho percebendo que cada vez mais, estou disposta a “ficar” em lugares em que as pessoas querem fazer as mudanças necessárias.
Acho que finalmente aprendi que não devo tentar convencer ninguém a fazer isso ou aquilo, por melhor que seja.
A troca que faço com meu trabalho é vender meu conhecimento e experiência, mas não minha energia vital.
Faço contratos comigo mesma, definido meus limites. Fico atenta aos momentos de uma mentoria, uma sessão de coaching, um projeto com algum RH em que começo a me sentir desvitalizada.
Esse é um grande sinal que estou avançando meus próprios limites. Não vou insistir para alguém melhorar, se a própria pessoa não deseja fazer isso.
Acho que uma das grandes sacadas que tive esse ano, é a de não entrar na projeção que as pessoas fazem sobre mim.
Ter a coragem de não tentar agradar o tempo todo para manter um projeto; não me sobrecarregar e responsabilizar com o que não é meu, para me tornar “indispensável”.
Olhando em retrospectiva, noto que todas as vezes em que fiz isso, por medo, insegurança ou até mesmo pelo ego, o resultado para mim foi muito danoso.
Escrever as newsletters tem sido também um grande exercício de poder compartilhar com vocês, minhas experiências, aprendizados.
Esse espaço naturalmente exige mais aprofundamento e nessa fase da minha vida e carreira, tem sido um lugar de expressão importante.
Evidente que isso tem um preço. Tenho de lidar com as pessoas que dizem que a newsletter está péssima e apesar de desconfortável é algo a se lidar.
avaliação dos leitores sobre minhas últimas postagens
No geral, tenho tido um ótimo retorno de vocês e isso também me estimula a continuar a escrever e deixar o acesso gratuito.
Esse post que fiz nas redes sociais dos 13 anos de empresa me rendeu muitas reflexões, mas sobretudo trouxe clareza sobre o que quero daqui em diante e o que não desejo mais.
No final das contas concordo com Guimarães Rosa:
O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
Estou lendo Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) - como lidar com o excesso de estímulos emocionais e usar a sensibilidade a seu favor - Elaine N. Aron
Esse é um traço de personalidade inato - muitas vezes confundido com fraqueza, timidez ou mesmo frescura. Entender o que é de fato é muito revelador, pois os estudos que a autora revela, mostram que há muitos benefícios de termos no mundo, um grande contingente de pessoas que são PAS.
Assisti novamente ao filme O pequeno príncipe. Impossível não se emocionar com tanta delicadeza.
Continuamos a conversa nos comentários!
Abraço afetuoso,
Adri
Strengths Coach certificada pelo Gallup® Institute
Executive Coach Certificada pelo Integrated Coaching Institute (ICI)
Certificação Internacional em Coaching Integrado