O que uma semente com asas tem a ver com seus talentos?

EM
18 de fevereiro de 2024
|
por
Adriana Ferrareto
O que uma semente com asas tem a ver com seus talentos? Adriana Ferrareto - Edição #002 Estava passeando pelo Museu de História Natural e de repente me vi diante de um recorte do tronco de uma sequoia (uma das maiores árvores do mundo). Fiquei muito feliz, pois amo àrvores e a sequoia em especial, […]
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O que uma semente com asas tem a ver com seus talentos?

Adriana Ferrareto - Edição #002

Estava passeando pelo Museu de História Natural e de repente me vi diante de um recorte do tronco de uma sequoia (uma das maiores árvores do mundo).

Fiquei muito feliz, pois amo àrvores e a sequoia em especial, por ser tão majestosa.

Na parede estava pendurada a circunferência do tronco, de tal maneira que era possível ver os círculos, que são os anéis de crescimento.

As marcações no tronco, indicam as fases de crescimento desta sequoia

Esses anéis são marcas concêntricas que representam o crescimento da árvore ao longo dos anos.

Cada anel indica um ano de crescimento da árvore, permitindo que os cientistas identifiquem a idade da árvore e também forneçam condições ambientais do passado.

“essas gigantes podem viver mais de três mil anos, seus troncos chegam a ter o diâmetro equivalente ao comprimento de dois carros e seus galhos atingem quase noventa metros de altura.”


A semente

O que eu não sabia era sobre o tamanho da semente da sequoia, é menor que a metade da unha do seu dedo mindinho, de 3 a 4 milímetros de comprimento, bem pequena.

Mas a beleza disso é que a pequena semente tem suas estratégias para chegar longe, elas tem 2 asas com 1 milímetro cada.

A foto que tirei ficou ruim, mas foi o que consegui registrar da semente da sequoia.

A partir daí sei bem pouco sobre a reprodução e todo o restante da vida da sequoia e de outras árvores.

Mas o que me chamou a atenção, foi entender que uma semente tão pequenina com asas, tem todo o potencial de se tornar uma sequoia lindona e gigante.

A depender das condições de solo e outras circunstâncias que desconheço, a semente pode ou não “vingar”.

A semente consegue voar longe com suas minusculas asas, mas precisa de condições ideais para se reproduzir. Não basta ter o potencial de ser sequoia, precisa de um sistema que permita o potencial da semente brotar.


E nesse quesito, de potencial, é bem parecido conosco.

Nascemos com bilhões de neurônios e algumas sinapses se fortalecem mais do que outras (os neurocientistas que me leem aqui saberão explicar melhor).

Ocorre que essas sinapses que se formam dizem muito sobre nossos potencias talentos, segundo o Instituto Gallup que fez a pesquisa com milhões de pessoas.

Os talentos são um padrão natural de pensamento, sentimento ou comportamento que pode ser aplicado de maneira produtiva. Isso é o que somos. O potencial que temos.

Aqui nesse vídeo você a explicação da Gallup sobre talentos:

Semelhante à semente da sequoia com asas que têm o potencial de se transformar em uma grande árvore, nós nascemos com sinapses (talentos bem específicos) que têm o potencial de se tornarem pontos fortes em nossas vidas.

Como comentei, para a semente se reproduzir precisa de certas condições; do contrário, morre semente e nunca chegará a ser árvore.

Portanto, fica a pergunta, se compararmos as sementes aos talentos naturais que nascemos com eles, podem ser “desperdiçados”, por assim dizer, se não fizermos algo intencional com eles?

A reposta é sim, pois não basta termos o talento natural.

Para transformá-lo em Ponto Forte, o que é feito com esse talento, ou as condições em seu entorno, também importam muito.


Quem eu sou (potencial que tenho) x o que faço com isso (ação).

E a escola tem um grande papel nessa história, ela pode tanto elevar nosso potencial a um ponto forte como matar nossa criatividade.

Supondo que uma criança tem excelente desempenho (talentos) em artes ou comunicação, com uma inteligência relacional fantástica, tira notas altas nessas áreas, faz com facilidade o que é proposto e ainda se supera, com um talento admirável.

Se essa mesma criança tira uma nota vermelha em matemática ou química, por exemplo, toda a atenção será focada na melhoria dessas notas.

Não estou dizendo aqui que não devemos melhorar as notas. Minha consideração é a ênfase que se dá aos pontos fracos, praticamente sufocando aquilo que é natural (talento).

O que conseguimos com isso é apenas focar toda energia em algo em que não somos tão bons. Aí não sobra recurso emocional e criativo para fazer aquilo em que somos excelentes.

O resultado? Nos tornamos apenas medianos. Lembra da semente? Se não tiver condições adequadas, ela perde todo o seu potencial.

Nascemos criativos.

Quando crianças temos uma confiança imensa em nossa própria imaginação. Para ilustrar isso, vou contar aqui uma história que li no livro do Ken Robinson: O elemento-Chave

"Uma professora do ensino fundamental estava dando aula de desenho para um grupo de crianças de seis anos.

Uma menininha que não costumava prestar muita atenção aos estudos estava sentada no fundo da sala.

Da aula de desenho, porém, ela gostava. Por mais de vinte minutos a menina permaneceu sentada, com os braços sobre o papel, completamente absorta no que fazia.

A professora ficou intrigada e, depois de um tempo, perguntou à aluna o que estava desenhando.

Sem olhar para cima, a menina respondeu: "Estou desenhando um retrato de Deus." Surpresa, a professora contestou: "Mas ninguém sabe como Deus é."

"Vão saber assim que eu terminar", respondeu à menina.

O autor continua fazendo sua análise sobre como a maioria das pessoas perde essa confiança à medida que crescem.

Segundo Ken, "Entre em uma classe da pré-escola, pergunte quem é criativo, e todas as crianças levantarão a mão.

Faça a mesma pergunta para uma classe do último ano do ensino médio e verá que a maioria dos alunos não se manifestará".

E por conta do tipo de educação que recebemos, perdemos o contato com essa capacidade de usar nossos talentos natos.

O resultado disso é um número exorbitante de pessoas que jamais entra em sintonia com os verdadeiros talentos. Olha aí a semente com asas desperdiçada.

E por isso não sabem o que, de fato, podem realizar, inclusive em suas carreiras. Nesse sentido, as pessoas não sabem quem realmente são.

O pior é que esse padrão se estende para a vida adulta. Vamos sendo moldados aqui e acolá, um pouco agora, mais um pouquinho depois e voilà: conseguimos nos enquadrar no padrão do que as pessoas consideram normal a ser feito.

Mas quero aqui ressaltar que muito disso ocorre com os professores, sistemas educacionais e com os pais, por pura falta de conhecimento do que de fato são os talentos.

Não entendem como funcionam sua estrutura no cérebro e como podem transformar talentos em Pontos Fortes.


O resultado? As pessoas não sabem por onde começar

Na minha carreira como Coach, encontro sempre pessoas que estão tentando planejar o futuro e não têm ideia de como começar.

Nas empresas, os empregadores lutam para encontrar talentos e usar isso da melhor maneira possível.

Mas nem os funcionários sabem ao certo que talentos possuem e quais suas paixões, e isso gera uma insatisfação danada!

Afinal, muitas vezes os funcionários não gostam do que fazem, mas também não têm a menor ideia do que fazer para se sentirem realizados.

Líderes tentam ter equipes de alta performance.

Eles querem engajar, motivar e não perder tempo. Mas não dominam esse conhecimento de como extrair o melhor de cada pessoa.

Tudo isso cria um círculo vicioso de baixos e insatisfatórios resultados em todas as áreas da vida.


A libertação criativa começa na mudança de perspectiva

O autor Ken Robinson diz: mitos escolhem seus trabalhos como uma simples forma de conquistar segurança financeira. Além de insatisfatório, já que isso pode afastar as pessoas dos seus talentos e paixões, é frágil, pois não as coloca em uma posição de competitividade, potencialidade e criatividade.

Ficam todos engessados ao realizar um trabalho no qual são medianos, quando poderiam ser brilhantes!

Imagine que o trabalho que você realiza apenas para pagar as contas possa desaparecer na próxima década... Se você nunca aprendeu a usar seus talentos e pensar criativamente, o que irá fazer em seguida?

O único modo de estar preparado para o futuro é dar o máximo de si para se tornar o mais flexível e produtivo quanto possível.

Se amanhã o mundo virasse de cabeça para baixo, os flexíveis e produtivos descobririam um modo de usar seus talentos para se adaptar a essas mudanças.”

Elas encontrariam uma maneira de continuar a realizar o que as coloca em harmonia com seu seus Pontos Fortes, pois teriam uma compreensão orgânica de como seus talentos se ajustariam a um novo ambiente.

Ele adverte: "O que nossas crianças farão se continuarmos a prepará-las para o futuro usando modelos antiquados de educação?”

Muitas, certamente, terão empregos que ainda não foram concebidos.

Portanto, não seria uma obrigação nossa incentivá-las a explorar o maior número de direções possível para descobrir seus verdadeiros talentos e paixões?

Quando a única coisa que sabemos sobre o futuro é que ele será diferente, seria prudente fazermos de tudo para também sermos.

Precisamos pensar de maneira diversa sobre os recursos humanos e como deveremos desenvolvê-los se quisermos enfrentar esses desafios."


Quando me dei conta disso, mudou minha perspectiva

Em uma das primeiras formações de coaching que fiz, há mais de 20 anos, o foco era em ajudar as pessoas a identificarem onde estavam no momento de suas vidas (ponto A) e onde desejavam chegar (ponto B).

Entre o ponto A e o ponto B, havia uma lacuna de habilidades e fraquezas, que precisavam ser desenvolvidas. Uma lógica bem da era industrial.

As fraquezas eram identificadas e planos de ação para os fortalecer eram feitos.

Posso dizer que conseguiamos alguns resultados bons, porém não a longo prazo e nem tampouco chegavamos perto do potencial que aquela pessoa tinha de ser brilhante.

O foco estava nos pontos fracos e não nos pontos fortes.

Temos de olhar para os pontos fracos, mas sob outra perspectiva e isso será assunto para outra newsletter.

Essa forma não contemplava preparar o solo para receber a semente de asas, e liberar todo o potencial contindo nela.


Foco no que você já é bom

Quando olho para uma pessoa, vejo suas individualidades e quanto ela é singular, o que é maravilhoso.

Mas essa pessoa precisa saber o que a torna tão singular, quais talentos possui e como intencionalmente elevá-los a pontos fortes.

Vamos a um exemplo de como entender e ajudar a prosperar um talento. Vou usar o talento FOCO para isso.

Pessoas que naturalmente tem FOCO como talento, escolhem uma direção e a seguem, fazendo correções necessárias para manter o curso escolhido. Elas definem prioridades, e então agem.

  • (ser) são intensa e intencionalmente concentradas

  • (fazer) perseveram até alcançarem o objetivo

  • (contribuição) contribuem com os demais, trazendo clareza através da concentração e da orientação

  • (requisito) precisam como requisito de um objetivo para estabelecer prioridades

  • (amam) amam começar algo com um objetivo claro em mente

  • (odeiam) detestam seguir por tangentes mal direcionadas

Olhando para essas características, uma pessoa que se identifica com esse talento como a entender seu próprio funcionamento, como costuma agir, o que precisa para executar as coisas da melhor forma.

Identifica o que não gosta e atrapalha seu progresso.


Um líder que tem o talento foco

Imagine um líder que se destaca pelo talento em manter o foco, ele se assemelha bastante às descrições que foram dadas.

Como ele possui essa habilidade de focar, ao revisar um projeto ou relatório, ele costuma aprofundar-se, concentrando-se, pois é nesse momento de imersão e concentração que ele consegue mostrar o seu melhor.

Se o líder, por falta de conhecimento, não entende seu próprio funcionamento e estabelece uma política de portas abertas, ele estará sempre disponível.

Isso certamente resultará em queda de produtividade e capacidade criativa.

Acompanhe o raciocínio comigo, se ele mergulha fundo e estabelece uma prioridade como meta, como é que essa pessoa fica quando é interrompida a todo momento com assuntos diversos?

Conseguirá usar o foco com maestria?

Esse líder aprende a "proteger" seu espaço e tempo para se concentrar profundamente. Ele ajusta sua agenda, criando pelo menos um ou dois momentos diários sem interrupções para focar no que realmente importa.

Se ele mesmo não conhece seu próprio funcionamento, como irá construir estratégias para fazer seus talentos prosperarem?


Cuide da sua semente com asas (talentos)

Entender que você tem talentos únicos (sinapses) que te fazem singular, é o começo da jornada.

Crie um ecossistema em seu entorno para que possa usar mais seus talentos. Se você não fizer, ninguém fará por você.

Descubra novas coisas que possam trazer habilidades adicionais para esse talento e use-o todos os dias intencionalmente.

Desta forma, seu talento vira Ponto Forte e você terá grandes chances de aumentar em criatividade, a fazer mais do que gosta ao longo do dia, a performar com mais naturalidade.

Finalizo com a pergunta:

Você deseja conhecer seus talentos naturais?


Na próxima edição #003

Vou te contar das múltiplas facetas da empatia e sua aplicação no dia a dia.

Nos vemos na edição #003

Abraço afetuoso,

Adri Ferrareto

Adriana Ferrareto

Strengths Coach certificada pelo Gallup® Institute
Executive Coach Certificada pelo Integrated Coaching Institute (ICI)
Certificação Internacional em Coaching Integrado

Conheça a Adriana

Sou a Adri

Especialista em talentos humanos e estou aqui para despertar e fortalecer pessoas a usarem naturalmente suas potencialidades com autonomia, para se sentirem mais realizadas com seu trabalho e tenham uma vida mais leve e equilibrada.
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