Achamos que somos racionais, que tomamos decisões com base em fatos e que nossas opiniões são bem fundamentadas.
Mas, e se na verdade estamos apenas justificando o que já sentimos?
Jonathan Haidt, em A Mente Moralista, mostra que nossa moralidade e nossas considerações não vêm da razão, mas da intuição.
O problema? Não buscamos a verdade, buscamos justificativas para defender o que já acreditamos. Vivemos em uma “Matrix moral” – um sistema de crenças que nos une, mas também nos cega para outras perspectivas.
Haid usa uma metáfora clara: o elefante e o cavaleiro.
O elefante, majestoso e poderoso, encarna nossas emoções, intuições e instintos morais.
É ele quem, com sua força e presença, realmente determina o rumo a seguir.
O cavaleiro, por outro lado, simboliza nossa razão.
Ele se ilude, acreditando estar no comando, mas na verdade, apenas cria explicações para o trajeto que o elefante já decidiu trilhar.
Imagine que você quer comprar um carro novo. Você se apaixona por um modelo esportivo vermelho. Seu elefante já decidiu: "Esse é o carro dos meus sonhos."
Mas seu cavaleiro (razão) precisa justificar essa escolha. Então, você começa a procurar “fatos”:
🔹 "É um carro seguro!" (mesmo que existam opções mais seguras).
🔹 "O consumo de combustível nem é tão alto!" (mas você ignora modelos mais econômicos).
🔹 "O valor de revenda é ótimo!" (mas na verdade você nem checou os dados).
Você não está analisando racionalmente – está apenas coletando argumentos para validar sua decisão emocional.
Isso acontece o tempo todo: nas compras, nos relacionamentos, no trabalho.
Agora pense: e se isso também acontecer com suas crenças políticas, religiosas ou sobre qualquer tema importante?
Se nossas opiniões são formadas mais pela intuição do que pela lógica, então uma coisa se torna evidente:
somos naturalmente inclinados a procurar provas que confirmem o que já está sólido em nossa mente e a rejeitar informações que nos desafiem. Isso explica por que debates políticos parecem tão irracionais.
Não importa quantos dados você apresente, outra pessoa dificilmente mudará de opinião – porque o cavaleiro dela não está buscando a verdade, mas sim protegendo o caminho escolhido pelo seu elefante.
a pessoa dentro de uma bolha - Imagem gerada por IA
O mesmo vale para qualquer crença que tenhamos:
Se considerarmos que uma pessoa ou grupo é mal-intencionado, tenderemos a interpretar qualquer ação deles como prova disso.
Se acreditamos que somos pessoas boas e justas, resistimos à ideia de que podemos estar errados.
Se confiamos em uma fonte de informação, rejeitaremos qualquer outra que a contradiga.
Jonathan Haidt argumenta que pensamos mais como advogados do que como cientistas :
Um cientista busca a verdade, testa hipóteses e aceita estar errado.
Um advogado defende uma posição e busca argumentos para sustentá-la, ignorando o que não ajuda sua causa.
Se queremos realmente pensar melhor e tomar decisões mais inteligentes, precisamos escapar da armadilha do elefante .
Aqui estão três sugestões do autor para isso:
Quando você sentir que tem certeza absoluta sobre alguma coisa, faça uma pausa e pergunte a si mesmo:
E se eu estiver errado, como vou perceber?
O que poderia me fazer mudar de ideia?
Será que estou deixando de lado alguns fatos só porque eles me incomodam?
Antes de descartar uma ideia, tente entendê-la do ponto de vista de quem acredita nela.
Se algo te irrita, pergunte-se: por que isso me incomoda tanto?
A verdade é que a maioria das pessoas não faz esse tipo de reflexão.
E é por isso que muitas acabam passando a vida apenas confirmando o que já acreditam, sem realmente ampliar sua visão de mundo.
"A mente humana é como um advogado, não como um cientista. Ela defende o cliente, não busca a verdade."
Isso significa que, se você quer ser intelectualmente honesto, precisa se obrigar a considerar que pode estar errado .
Se você apenas consome informações que reforçam sua confiança, seu cérebro se torna uma câmara de eco.
Haidt mostra que as pessoas que realmente conseguem mudar de opinião e pensar de forma mais clara são aquelas que se expõem a diferentes perspectivas .
O que você pode fazer?
Explore livros de autores que têm opiniões diferentes das suas.
Bater um papo com pessoas que pensam de maneira oposta pode ser muito enriquecedor – e não precisa ser para convencê-las de nada, mas sim para compreender melhor suas perspectivas.
Procure identificar algo válido nos argumentos do outro lado. Isso não quer dizer que você precise mudar suas crenças, mas é sempre bom colocá-las à prova de vez em quando.
A verdade que conhecemos geralmente vem de uma única perspectiva.
Quando acreditamos ter todas as respostas, deixamos de aprender. Nossas opiniões nos ajudam a formar nossa identidade e a nos sentir parte de algo, mas também podem nos impedir de aceitar novas ideias.
Para tomar melhores decisões na vida, nos negócios e nos relacionamentos, é importante tentar ver as coisas de diferentes maneiras.
Isso não significa que precisamos deixar de lado nossos valores ou crenças, mas é bom questionar nossas certezas de vez em quando.
Ao desafiar nossas certezas, nos abrimos para novas ideias, aprendendo com visões diferentes e tomamos decisões mais inteligentes e éticas.
"A sabedoria começa com a humildade diante da complexidade do mundo."
A questão é: você está pronto para tomar a "red pill" e enxergar além da sua Matrix?
Questione suas certezas – a verdade é maior do que a sua perspectiva.
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Abraço afetuoso e até nossa próxima carta.
Adri
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