Quando uso minha empatia, ouço uma pessoa contar suas questões mais profundas e algo mágico acontece comigo. Todos os meus sentidos ficam profundamente alertas. Por alguma razão que desconheço, me conecto ao outro e sinto meu coração bater em uma frequência quase orquestrada. Uma ponte se formou entre mim e o outro. E a emoção desse outro passa a ser minha.
Ouço tão atentamente que consigo imaginar as cenas descritas, caminho pelos pensamentos, sentimentos e vilarejos perdidos por onde essa pessoa esteve. Percebo emoções não reveladas, pequenos gestos, olhares e comportamentos me fazem caminhar por esse mapa emocional, como uma bússola, que sempre aponta para o norte do acolhimento.
Consigo rir e até chorar junto, entendo suas razões. Nem sempre concordo, mas não preciso dizer isso. O momento é de acolhida, de estar perto. A sintonia abraça, provoca o pertencimento. O que importa é ser ouvido. E isso faz qualquer pessoa se sentir compreendida.
Ouço o outro em seu estado mais vulnerável, com uma intimidade emocional que chega a ser visceral, reveladora, daquela que desnuda a alma, mas que é necessária para a conexão.
Como em tudo, há limites. Às vezes, sem perceber, ultrapasso os meus. Por vezes sinto que estou sem ar, com palpitação, um certo formigamento nas mãos e meus músculos completamente tensos. Parece que alguém agarrou em minha garganta e uma dor, que não era minha, passou a ser. Começo a tentar resolver tudo. Fazer pelo outro, ajudar, aconselhar, proteger, sinto compaixão indevida.
Mas quanto mais faço isso, mais sufocada me sinto. Quando tento resolver os problemas que são dele, além de me enredar em uma trama que não me pertence, eu o desvitalizo, invalido, como se ele não fosse capaz de resolver suas próprias questões. Nesse momento, as pontes que nos conectam viram um incapacitante emaranhado de correntes.
De um lugar de profunda exaustão, paro e penso em como posso me livrar da sensação de sufocamento. A resposta vem calma, compassiva.
Lembro que quanto mais eu soltar da garganta do outro, mais o libero para suas decisões. Mais o estimulo à ação, mesmo que isso machuque e seja difícil. Ao fortalecer o outro, para que caminhe por suas estradas pessoais de cabeça erguida, a mão que me sufocava vai aos poucos soltando meu pescoço. E então, volto a respirar com facilidade. Os grilhões se rompem, meus músculos voltam a relaxar. A frequência cardíaca está em meu compasso e não mais no do outro. E percebo que, quando sou eu mesma e deixo o outro ser ele, minha verdadeira empatia liberta, fortalece e encoraja.
Mas, quando minha empatia vai para seu escuro porão, inverto os papéis e passo a viver uma situação que não me pertence.
Por isso, depois de tanto me acorrentar, hoje amo a liberdade de empaticamente ouvir o outro sem deixar de ser eu mesma. Com um distanciamento saudável, amável e libertador.
Empatia é um talento poderoso em qualquer relação, seja no trabalho ou na vida pessoal - desde que você saiba utilizá-la com inteligência! Quer saber quais são seus talentos? Então, não deixe de ler esse artigo e descubra seus pontos fortes.
E se quiser conhecer mais profundamente sobre empatia, recomendo a leitura do maravilhoso livro de Brené Browon - A coragem de ser imperfeito.
Outra dica é assistir a um vídeo do TED em que Brené explica, em detalhes, sua pesquisa sobre empatia.
Essa crônica é parte integrante do livro "Vou ali e já volto - 40 anos no deserto", de Adriana Ferrareto.
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Com afeto,
Adri Ferrareto
Strengths Coach certificada pelo Gallup® Institute
Executive Coach Certificada pelo Integrated Coaching Institute (ICI)
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